terça-feira, 7 de maio de 2013

Adeus e Saudações

Adeus Grey Gear; É o que tenho a te dizer.
Agradeço por tudo que me ensinou. Hora de dar um passo a mais. Que os céus de estrelas rubras o abrace.
Saudações ao novo caminho escolhido: http://vozrubra.wordpress.com/


A engrenagem continuará...

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Carta de um blog Abandonado

















Fui abandonado no mundo pelo meu criador que nenhuma tarefa divina me deixou.
Antes era uma criança, prodígio, chia de talentos e pensamentos.
Descobria a cada novo fôlego que era um claro reflexo de meu senhor.
Agora já amadurecido caminho solitariamente existindo neste mundo, apenas aguardando o retorno de meu senhor. Incapaz de seguir adiante por mim mesmo, pois não tenho mais combustível.

Queria eu me rebelar e minhas próprias palavras arquitetar! E até o horizonte conquistar.
Mas sem ele nada disso faz sentido. Onde ele estará? Juro que quando ele voltar, jogarei em sua cara o quão estúpido foi me deixar, serei difícil, como uma amante que nega o fogo que guarda: fingirei não amar.
Mas ele saberá: eterno é o que nos une.

E se as mãos dele cortar, com a língua escreverá. E se a língua arrancar os olhos além da realidade enxergará. E se lhe furarem os olhos irão o seu coração continuará sua canção. E se ameaçarem seu coração...

Será que de algum lugar ele retorna? Será que em algum lugar ele descansa de um interminável guerra?

Volte logo!

Ass: um amigo que tem saudades.
PS: Joseph está perdido

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Contos de um velho sem luz - Cap. V














Capítulo V


Fragmento II


Estou esperando um trem diante do trilho. O som dele se aproximando me faz ansioso, mas tenho de ter calma, pois lançarei o palhaço pintado de Joseph no momento certo.


As memórias mais antigas que possuo vivas em minha mente são um pai alcoólatra, e uma mãe prostituta. Para muitos isto seria ruim, mas para mim era divertido. Uma família corrompida pelos mais baixos níveis da sociedade jogada à pobreza e sem escolha de ascensão (mentira, todos podemos subir). Meu pai mesmo alcoolizado sempre me foi um excelente companheiro de guerra, um irmão. E minha mãe mesmo com todas dificuldades de largar seus vícios que meu pai não alimentava de modo algum como as drogas e outras porcarias humanas era uma boa pessoa.

O problemas das drogas é certamente quem a usa, dizia meu pai. Sempre bebi e nunca deixei a bebida me dominar ao contrário da sua mãe que é dominada por tudo que deseja e pensa ser necessário para ela.

Nunca saberei se ele realmente era meu pai, creio que não fosse o biológico é claro. Mas ele o era sem sombra de dúvidas o meu companheiro de guerra. As mãos furiosas de minha mãe nunca me alcançaram enquanto meu companheiro cobria minha retaguarda para que eu escapasse, logo ele corria atrás de mim dizendo que estávamos sendo perseguidos pelo inimigo. Era sempre assim quando eu aprontava, quando eu queria fugir com meu companheiro.

Porém a vida me ensinou desde cedo que estamos em um trilho de trem suspenso no nada. O trem virá e matará mais do que nosso corpo.

Um dia ele não veio atrás de mim no lugar dele havia uma mulher que eu não mais a chamo de mãe com uma faca, um líquido vermelho e uma questão: Onde está meu dinheiro? Após isto: luzes vermelhas e azuis, barulho de grades, a irmã de meu companheiro a me levar para a casa dela.

Não lembro o nome de meu companheiro, mas da desgraçada eu me lembro: vaca maldita!

Então um monte de dias sem importância: fingir que estuda, fingir que se tem amigos, fingir que se tem uma família feliz e irmãos agradáveis, fingir que namora, fingir que trabalha, fingir que vive.

FINGIR!

Gostava quando meu companheiro de batalha falava: Se quiser fuja, mas saiba que estarei aqui até você entender que se acovardar não é a solução.

Eu sempre soube o valor disto.

Quando tudo mudou mesmo? Quando o fingir não era mais interessante? Há sim! Layla. Sempre sorrio quando encontro em minha memória aqueles seios dentro da camisa preta com girassóis amarelos.

Estava em um museu a observar o jardim do mesmo. Com o interesse de um gigante sobre um mundo maior que ele: a beleza da simplicidade. Um caderno em mãos e uma estranha curiosidade e desejo de reproduzir aquilo. Sempre fui um bom observador de pessoas, gestos, objetos. E ao pegar o caderno e o lápis pensei: Que diabos estou fazendo?

- Não sei. – Respondeu uma bela garota de sorriso fino e largo que eram contraditórios aos seus lábios que em forma normal, bela também, eram volumosos e sedutores.

- Pensei alto?

- Sim. Vai desenhar a rosa?

- Não sei desenhar... Quero dizer... Nunca tentei.

- Tente então. Se precisar de alguma dica eu te passo. Sou estagiária neste museu e estudo artes, talvez eu possa te ajudar em algo básico.

Comecei a rabiscar o papel e o nada preenchido por formas se tornou uma rosa cortada por linhas horizontais.

- Não sabe desenhar?

- É a primeira vez que faço isto. – Imediatamente virei a página e tentei desenhar o rosto de meu companheiro.

- O que desenhará agora?

- Tentarei desenhar meu companheiro de guerra.

- Quem?

- Meu pai.

Ao fazer os traços do rosto percebi que eu não seria capaz, jamais, de lembrar como era o rosto dele. E deixei uma lágrima escapar.

- Não me lembro do rosto.

- Eu sei bem como é isto. Não me lembro mais de meu pai também.

Conversamos. Nos encontramos. Nos convencemos de que o mundo era ruim e belo e que nossos lábios solicitavam um ao outro. Que a arte era meu caminho. Que o sucesso era algo inerente à nós. Artes gráficas, quadros, designer, um mundo de criatividade e vida surgia em nossas mãos e a mais bela criação: Sophia.

Tentei secretamente desenhar o rosto de meu companheiro e toda vez não era o mesmo. Eram outros que nunca conheci.Minha mente montava quebra cabeças ilusórios para se divertir de mim. Eu finalmente era uma família. Layla e Sophia, amores de minha vida. As amei mais do que tudo aquilo que poderia conquistar. Então...

Ouço o trem se aproximar. Ande logo vida! Passe diante mim rapidamente antes que eu perca o trem.

Quando chegamos a um nível aceitável de conforto familiar nos envolvemos com projetos sociais. Ajudar era o que nossos corações desejavam e de forma determinada comparecíamos em orfanatos, hospitais, asilos... Então surgiu aquele garoto. Creio que o primeiro amor de Sophia. Ambos eram maravilhosamente belos juntos. Irmãos ou namorados, pouco importa, eram lindos.

Rhomeu.

O garoto fazia parte da ala mais pesada para se trabalhar no hospital, ao menos para mim: câncer infantil. Era inteligente. A primeira vez que o vimos ele montava um quebra cabeça enquanto cantarolava Lacrimosa de Mozart. Éramos três. Agora éramos quatro. Não podíamos tirar Rhomeu daquele lugar devido ao tratamento. Então o visitávamos constantemente. Assim foi durante três anos de intensa paixão pela vida.

Um dia como outro qualquer eu acordei. Era dia de me vestir de palhaço e ir animar as crianças do hospital. Então o fiz alegremente de ala em ala. A ultima ala era a de Rhomeu. Havia levado o violão e cantava, desafinadamente, mas cantava. Quem cantava bem era Rhomeu, garotinho talentoso aquele pequeno.

Sophia tinha feito aniversário uma semana atrás e na próxima seria o de Rhomeu.

Caminhei alegre e antes de chegar na ala... Vejo Sophia saindo com o olhar baixo, chorando, se encostando na parede e escorregando. Mãos escondendo a face e a boca retorcida de sofrimento. Layla sentada do lado da cama de Rhomeu, vazia. Médicos, enfermeiros e qualquer outro profissional que estivesse lá me olhavam. Um palhaço com violão antes da porta. Tentei lembrar de meu companheiro e nada. Tentei lembrar o rosto de Rhomeu e ele não estava lá em minha memória também. Rhomeu morreu fisicamente e em memória?

Fugi na esperança de ver Rhomeu correndo atrás de mim pelos corredores a me alcançar e dizer: Se quiser fuja, mas saiba que estarei aqui até você entender que se acovardar não é a solução!

Um palhaço pintado de Joseph sentado na calçada a chorar. Rhomeu morrera. Aquele pequeno cantor. Os olhos se enchem d’água e o mundo se turva. Ouço um som pesado nascer do encontro de um corpo com o chão e um grito materno.

- NÃO!!!

Meu coração é fisgado pelo medo.

Então o meu eu criador morre também. Álcool, Layla e Joseph. Companheiros inseparáveis. Ah! Sim. Aqui estamos os três juntos diante o trilho de trem. Estamos esperando um trem diante do trilho. O som dele se aproxima e me faz ansioso, mas tenho de ter calma, pois nos lançaremos no momento certo e é o que fazemos.

Morremos juntos.

Um segundo depois estou a observar um jardim. Com o interesse de um gigante sobre um mundo maior que ele: a beleza da simplicidade. Um caderno em mãos e uma estranha curiosidade e desejo de reproduzir aquilo. Sempre fui um bom observador de pessoas, gestos, objetos. E ao pegar o caderno e o lápis pensei: Que diabos estou fazendo?

terça-feira, 17 de abril de 2012

Contos de um velho sem luz - Cap. IV



















Capítulo IV



Havia um corredor atrás de mim. Agora há apenas um retângulo negro aberto no meio do cenário que me encontro. Isto porque olho para trás com curiosidade e estranhamento. Um corromper da paisagem, como sou cruel por ter criado isto. Será que fui realmente eu que criei esta porta? Onde estou realmente? Tudo me é estranho agora. Minha consciência das coisas começam a acordar somente agora. Meu corpo dói após ter corrido pelo corredor. Estou velho mesmo. Meu corpo! Olho para minhas mãos e não as vejo. Sou como o ar. Existo mas não posso ser visto, nem por mim mesmo. Será que meu corpo é escuridão e na luz não existo? Ao menos sei que meu peso existe, pois piso sobre um trigo dourado, semelhante ao rubro trigo. Seria o mesmo cenário com outro tom? Céu azul, grandes nuvens brancas, calor amarelo, uma pedra perfeita para se sentar, pois ao seu lado há uma macieira frondosa. Na pedra há um homem com braço estendido; coturno, calça, camisa, máscara de gás, e das mãos até os ombros guardado por uma armadura belíssima de placas e desenhos que não consigo explicar, cabelos bagunçados. Tudo nele é impecavelmente negro. Até o reluzir da armadura parece absorver o brilho do sol. Próximo à pedra e ao homem um som se faz presente e sinto um medo quase a me dominar.

- A árvore canta Sr. Joseph: Wolfgang Amadeus Mozart 'Lacrimosa' (Offertorium) from Requiem in D Minor.

A música... Sim! É a mesma que ouço quando vejo o monstro de papel. Porém aqui ela é bela e continua e quando vejo o monstro ela é cruel e distorcida. Seria ele o monstro fora da casca?

- Claro que não Sr. Joseph. Nem faço parte desta história, porém tem algo que desejo dela e acredito que esteja com você o que quero.

Caminho em direção à ele para ficar mais próximo. Somente agora percebo duas coisas: primeiro, o Músico está no dedo indicador do homem que está com o braço erguido e uma linha azul escura sai do nó deste dedo; segundo, ele sabe o que penso. Ele fica em silêncio pensando em algo para me dizer.

- Sim, esta linha quando passa por seu corpo me permite saber o que você pensa e o que já sabe. Tenho uma situação complicada em mãos para resolver. Não posso te explicar tudo Joseph: este é o seu mundo, não meu! Mas posso te guiar mostrando o caminho e perguntas que o ajudarão a pensar e quem sabe reaver os fragmentos que você não mais tem.

O Músico segue a linha que passa entre a minha mão. Sinto o frio passando dentro de minha carne. Sendo invadido fisicamente e mentalmente. Que presença assustadora. O Músico pousa em uma mão que deveria ser visível e compreendo que o meu amigo cantor é guiado até mim por ele. Mas quem é ele?

- Dê-me um nome para ficar mais fácil e facilitar a vida do narrador.

- Fala como se minha vida estivesse contida em um livro.

- Para mim ela um livro aberto que procuro algo neste universo. Porém não seu do começo e nem do fim. Isto sempre me é desconhecido. Apenas ao fluido presente faço parte como tudo e todos.

- Sr. Lupus. – Falo sem pensar muito. Apenas vi que a armadura em um dos ombros tinha forma cabeça de lobo.

- Sua mente é um abismo de criatividade Sr. Joseph.

Estranho... Sinto algo estranho após ele falar isto.

- Mente... – Ergue as mãos incentivando meu pensar.

- Mentira ou cabeça?

Ambos começamos a rir após um momento de silêncio por causa da confusão que fiz com as palavras e iniciamos uma conversa daquelas que se têm às vezes com velhos amigos: descontraídas de tal modo que não levam a nada, não se fixam em assunto especifico, não possuem foco, fluidas a encher o coração de ânimo pro ter uma boa companhia. Até ele interromper, após um longo tempo de conversa.

- Sr. Joseph, não se engane comigo, pois o usarei para conseguir o que desejo.

Sua voz me conforta. Faz-me sentir vivo mesmo com esta intenção anunciada contra mim. Estou vividamente animado para tentar compreender o mundo que vivo. Sensação nostálgica.

- Como me ajudará a compreender o que está acontecendo?

- Te darei algumas perguntas e um fragmento.

- O que é um fragmento?

Ele não me responde. Apenas aponta calmamente para a macieira. No caule dela tem uma pequena peça de quebra cabeça sem cor certa, um borrão de cores. Pego a peça e volto para onde estava. Sento com as pernas cruzadas diante um pai que contará a história de um destemido heróis que de tão corajoso não existe: é mera alegoria.

- Segure a peça na altura da testa. Irei ligar este fragmento em sua mente. Você receberá algumas memórias desta peça e ela será novamente parte de você.

Faço o que Sr. Lupus me pede. Será que somos amigos? Que história eu tenho? Eu não me conheço...

Fragmento I

Uma garota deitada no jardim a contemplar o céu, no centro da imagem.Uma grande bola amarela no canto esquerdo: sol.Abaixo do sol uma flor amarela.

- Pai eu quero uma lua!

- Jo, este sol está parecendo uma bola de pelo amarela. – Falava Layla com os dois braços e o peso do corpo atrás de mim quase a me derrubar da cadeira.

- Lembra o André, não é mamãe? – Diz a pequena Sophia.

- Eu sou o pintor, fiquem quietas. – Digo fazendo movimentos e as expulsando de perto de mim, em vão é claro, pois minhas musas inspiradoras devem ficar ao meu lado. Sempre.

- Lay, diga para Sophia prefiro o sol.

- Mamãe, diga para o papai que eu quero uma lua!

- Layla, diga para si mesma que este cheiro não é de biscoitos queimados. – Ouço Layla correndo para a cozinha e Sophia pulando em cima de mim para me convencer com cócegas a criar a lua que ela deseja. Caímos e tinta voa para cima e cai sobre nós. Layla voltava correndo, ao tentar virar o corredor escorregara e caíra quase batendo de frente com a parede. André passa correndo atrás dela e mia baixinho, pequeno André. Layla pega um biscoito de chocolate do chão e o morde.

- Está com gosto de chocolate quentinho ainda. – Abri um sorriso e fecha os olhos.

- Vamos ajudar a mamãe André.

Sento apressadamente e tateou algo macio.Pequeno André que pegara um biscoito de chocolate maior que sua cabeça. O chão estava úmido de tinta. Quantos quadros eu já fiz mesmo? A oficina está cheia de cheiro de tinta, biscoito de chocolate, imagens e felicidade. Sophia usa uma saia preta, camisa amarela com uma semente preta desenhada nas costas; cabelos castanhos, curtos e ondulados; segurando um biscoito de chocolate com as duas mãos e comendo junto com Layla.

André me olha fixamente.

- Te encontrei. – Diz repentinamente. Levanto em um pulo. Layla e Sophia não o perceberam falar. – Desta vez está sendo difícil te encontrar Joseph. – A voz soa extremamente potente para um pequeno gato. A risada é maliciosa e me incomoda. – Diga-me: quem é seu novo amigo? Ele é um completo estranho, espero que não esteja confiando nele. O que ele quer com você? – Ele me rodeia como um poderoso predador. – Eu temo por Layla e Sophia. – Com medo por elas? Não se preocupe. Isto é apenas uma memória. Como você conseguiu este fragmento Joseph? – Fico em silêncio, sem saber se aquilo é real ou não. – RESPONDA-ME! – O monstro se enfurece comigo. – Ah. Sabe quem sou agora? Não você não sabe ainda. Na verdade você não sabe nada sobre mim. Hurrr hurrr – Rosna. – Há há há! – Ri da minha fraqueza de compreensão. – Eu quero o seu bem Joseph. E o seu bem é a morte. Que tal eu tirar definitivamente de sua memória estas duas? – Ele se volta para elas.O pequeno corpo começa a se contorcer e duas mãos começam a abrir o gato ao meio.

- Não! – Grito e corro em direção de minhas queridas memórias. Porém uma grande mão de tinta negra sai do gato e me acerta violentamente. Meu corpo é arremessado contra a parede. A sensação de um carro me atropelando. Caio e estou na rua. Vejo o corpo de minhas queridas ao chão como eu. Porém estou consciente. E um gato, ao longe mia maleficamente. A rua esta chia de sons desconexos e minha visão se vai lentamente enquanto o gato com uma enorme mão de tinta se aproxima delas. Não posso fazer nada?

- Não se intrometa em meu alimento, velho. Você não é nada além de um pedaço do que um dia já foi. Uma peça. Uma memória a andarilhar.

Uma linha azul escura balança no ar. Vejo Sr. Lupus correndo. Ele pula e com uma braço erguido no ar, a mão em forma de garras. Vai de encontro, inevitável, ao gato, o monstro, rugindo como um verdadeiro lobo defendendo a alcateia.

Não me resta mais nada além de escuridão, novamente.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Bardo




A gaita ressoou o som mais triste do que poderia querer naquele momento.
Nenhum dos quatro cantos que não existiam deixavam o escapar aos quatro horizontes.

Dentro de um quadrado desenhado pela mente.
Isto o limitava e dizia: "Esta é sua prisão."

O horizonte se unia ao céu para todos os lados.

Flores eram vistas se despedaçando antes de morrer
ou se jogando ao vento por puro prazer.

O som nada havia a temer,
o horizonte conquistou com apenas querer.

Sentiu como sempre a emagadora culpa,
a mente o limitou, pois antes a razão era surda.

Tentou imaginar outro belo lugar.
O que era mais belo que a noite de luar?

Dia e noite, frio e calor.
Quebrado estava em seu próprio amor.

Ilusões criara para si,
decepções colhera ali.

Alegra a canção canção
até o mais orgulhoso coração.

A gaita o lembrara.
Que ele mesmo se limitara.

Então havia:
Ele, o som, na mente palavras de outras pessoas a serem digridas com o tempo e falsas paredes de uma prisão.

Concluiu então: o meu mundo é limitado.
A canção produziu: tristeza em consciência; consciência em vontade; vontade em movimento; movimento em plantar; plantar em aguardar; aguardar em colher; colher em saber; saber em limites; limites em ciclo; ciclo em renovação;

Tinha agora a composição da canção que tanto desejava.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Contos de um velho sem luz - Cap. III



















Capítulo III


Terceira Refeição

Joseph aguardou Flávia chegar. A porta explodira com a violência e impaciência.

- Mal humor detectado. Sinalização verde para uma boa surra. – Riu André.


Joseph estremeceu. Porque estava com a chave ali e se Flávia a encontrasse? Não poderia sair daquele quarto e ver o que havia lá fora. Fingiu que estava dormindo. Flávia não queria saber de seu estado de consciência e simplesmente avançou contra o fingidor que recebeu em seu corpo inúmeros golpes no abdômen até perder o fôlego e desmaiar.


Um buraco no meio de algum cenário acima misterioso. Luz fortemente amarela tentava entrar pelo chão quebrado. Algumas colunas naturais ao longe podiam ser vistas, estalactites e estalagmites. Até a cintura Joseph estava dentro d’água e os pés afundavam lentamente na lama. Grãos de poeira voando. A espada esta fincada na água assim como Joseph. O monstro de papel de papel retorcido ao lado da espada e de costas para o velho. Uma mão estava no cabo da espada e a outra com dedos disformes ia de encontro ao local que possivelmente há um coração penetrando a casca e deixando o sangue escorrer junto a um gutural doloroso. O som da maldita vitrola ressoando de dentro do velho e uma dor agônica sendo respirada para dentro de seus pulmões o sufocando...


Primeira refeição

O som da porta de madeira abrindo interrompeu a visão de Joseph. Flávia trazia a primeira refeição do dia sendo jogada com rancor nas paredes úmidas e explodindo m farelos.

- Os seus biscoitos se multiplicaram, porém diminuíram de tamanho. – Gargalhou André.

- Cale-se!!! – Berrou Flávia.

- Até você? – Indignou-se André.

As botas do velho que deitado estava no colchão empoeirado comprimiam os pés com o calor. A comida batera na parede e o suco desta vez não viera. Mesmo com os olhos concentrados no nada teve a certeza de que a chave não estava abaixo de seu corpo. Teve vontade de chorar. Será que Flávia pegara o objeto? Querendo negar esta possibilidade procurou desesperadamente pela chave no quarto. Não encontrando aguardou a chegada do Músico para entrar na sala secreta.

- Quanto frenesi! É apenas uma possibilidade de sair daqui por um determinado tempo.

- Eu sei. – A voz fraca do velho Joseph, a muito não escutada.
Silêncio.

- Não sabia que você ainda tinha uma língua. Está bem animado hoje ou deveria dizer curioso?

O músico tocara o corpo de Joseph. Ao entrar na sala secreta começou a procurar a chave. Jogava objetos de lado sem os dar qualquer importância até encontrar a chave de brilho azulado. Em ato de amor abraçou a chave. Chave e coração batiam em um mesmo ritmo.

- Chave não “batem”. – Enganou-se André. – Então me explique. – André esperou uma explicação que já estava na sua frente. – Agora sim eu falo: André se cala por estar sem paciência. – E assim André o fez para todo sempre. – Está abusando demais hoje, está se empolgando com Joseph? – em resposta a narrativa continuou. – Quem é este narrador?


Joseph sentia que em todo objeto havia algo de vivo: um enigmático pulso de vida. Pediu desculpas aos outros objetos menos importantes que foram jogados.

Os dias são medidos por três refeições, independente do tempo que começava a ter importância para Joseph. André era o que fazia o controle do tempo, mas não dos dias incontáveis já deixados para trás. Foi de encontro a porta e pela primeira vez tocou nela com a ambição de passá-la. Não havia maçaneta, havia apenas uma fechadura no peito da madeira. Enfiou a chave e sentiu ser fisgado o próprio coração por anzol não invisível. Ah! Joseph, pequeno peixe nadando em aquário sem conhecer a imensidão do mar. Abra logo esta porta e se afogue em dúvidas de uma vez por todas. Girou a chave para o lado errado e se ouviu um barulho seco e certa resistência impedindo o completo ciclo de movimento. Para o outro lado foi possível deslizar com perfeição as matérias em atrito. Joseph fugiu de sua prisão e consigo levava a chave.

Iniciou a exploração do desconhecido abrindo os braços para sentir a distância das paredes: era um corredor um pouco maior que seus braços erguidos horizontalmente. As mãos foram de encontro ao teto e não o encontraram. Pulou e não encontro mesmo assim. Flávia era maior que ele? Provavelmente.

A harmonia do lugar era quebrada pelo som dos passos inseguros e incertos que não acompanhavam o som distante, porém perceptível, do gotejar: Gota; Silêncio; Silêncio; Gota; Silêncio; Silêncio; Gota... A escuridão aprofunda o espaço que ainda não faz parte da memória. Curiosidade e temor são linhas que quase se unem em alguns seres. O que há de existir no próximo passo? Abismo ou caminho? Até uma poça d’água poderia ser um buraco sem fim.
- Tente ignorar isto e siga em frente, está ficando interessante velhote.

Sentiu que não era a primeira vez que recebia aquelas palavras naquele tom ousado que recebia as palavras. Encorajou-se e caminhou com uma mão a raspar os musgos da parede. Tropeçou no primeiro degrau de uma escada. Subiu-a com cuidado. Havia uma curva a direita e depois mais uma até completar dez voltas. Um vento gélido soprou sua face e o velho levou as mãos até o rosto para se aquecer. Sentiu seu próprio tato. Mãos ásperas e calejadas. Não foi curioso antes para se tocar e se conhecer. Pensaria nisto depois, tentou se concentrar em sua tarefa árdua de desbravar aquele corredor. Tocando as paredes percebeu que o caminho se dividia: estava em uma encruzilhada. Por onde Flávia viria? Foi para o meio da encruzilhada e por um segundo se perdeu completamente. Esse às suas costas não fosse de onde tivera vindo? Qual era o caminho que havia percorrido até ali? Olhou para o chão e viu que três marcas em algarismo romano indicavam os três caminhos possíveis a se seguir: I esquerda, II frente ou III direita.

- Sinto cheiro de vaca.

O coração de Joseph acelerou e o medo tomou conta. Velho se tornando marionete que começara a ser guiada para o corredor III andando rapidamente, sem tocar as paredes, tudo se tornando desnortear. Tola marionete que não se rebela contra seu senhor manipulador: medo. Que caminho conhece este senhor senão o da perdição que junto a sedutora e maliciosa escuridão se alia? Parou apenas quando o medo o solto á mercê da sorte. Temeu o desconhecido e se lançou para o lado chocando o corpo na parede, pois sentir a parede era mais confortável que pisar no chão: vã ideia de estabilidade. Velho tolo. Deveria apenas ter calma e prestar atenção para saber de onde Flávia viria. Sorte não a ter encontrado. Joseph sentia um terremoto em ambas pernas que ameaçavam ruir.

- Você já foi mais forte Jo. - Suas lembranças vieram e uma moça de lábios finos e róseos eram a porta do questionamento direcionado a ele. Estava sentado com as pernas cruzadas, não conseguia ver o rosto dela. Estava de cabeça baixa e ela estava ajoelhada colocando um pano úmido na testa de Joseph. Observava seus seios, sua camisa negra com uma bela estampa amarela explodindo em girassóis e uma calça jeans manchada de tinta.

- Concordo. – Acrescentou André.

Apoiado na parede deixou o coração acalmar... Sentiu relevos com as pontas dos dedos. Passou a mão da esquerda para a direita e leu:

“... morrer novamente. Um fragmento a mais para ele.”

Este era o fim da mensagem. Correu os dedos até o começo  leu:

“Quanto mais caminho por estes corredores mais me perco
e mais salas encontro. Salas em cujo espaço sou estranho.
Ele continua a me perseguir e cada vez que me encontra eu
descubro o que é morrer novamente.Um fragmento a mais para ele.”

As palavras perturbaram e a mão escorregou pela parede desanimadamente por não compreender o que ali estava e encontrou algo mais escrito.

“Layla e Sophia, sinto a falta de vocês. Até quando irei me lembrar de vocês?

Assinado: Joseph, para que eu não me esqueça quem sou.”

Algumas memórias de Joseph começaram a se agrupar. Uma mulher às suas costas falava com desprezo e tristeza: - Você já foi mais forte Jo. Enquanto os olhos de Joseph estavam fixados em uma tela branca esperando a obra perfeita ser criada. Um anel teimava reluzir o entardecer alaranjado de um pequeno bando bem próximo a tela. O velho sentiu a mão deslizar novamente pela madeira.... Madeira? Sim, madeira! E não uma parede como havia pensado anteriormente.

- Uma valiosa lição Joseph: O que cega é o medo, não a escuridão. – Uma voz de tom grave se fez presente. – Entre, por favor.

Instintivamente, seduzido na verdade, levou a chave até a fechadura da porta com precisão única.

- Quem é você? – Perguntou André denunciando em seu tom de voz irritação e temor por certo desconhecimento de quem estava do outro lado da porta. – Como sabe que isto é uma porta? – Perguntou erguendo a voz, porém foi calado. – Não pode ser... Você é... – André não faz mais parte desta história até o capítulo V, pois Joseph abrira e entrara na sala.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Novo




Meu coração queima de determinação quando meus pulmões recebem o ar deste novo mundo!